O que é luxo?
Essa é uma pergunta relativamente fácil de responder, certo? Com alguns segundos de sobra, dá pra encontrar a definição no dicionário.
Luxo. Substantivo Masculino.
Modo de vida que inclui um conjunto de coisas ou atividades supérfluas e aparatosas. Gala, ostentação, pompa.
Bem ou atividade que não é considerado necessário, mas gera conforto ou prazer.
Levando essa definição ao pé da letra, bem, o luxo é algo totalmente desnecessário para a nossa sobrevivência, correto? Ele pode até gerar conforto ou prazer, mas não é um item de primeira necessidade. No fundo, ninguém precisa de uma bolsa de R$ 10.000,00 ou uma viagem de avião em primeira classe. E, se fosse só isso, essa reflexão acabaria aqui. Só que a questão é bem mais complexa porque temos nessa mistura o capitalismo e as redes sociais.
A ideia aqui não é fazer uma crítica ao capitalismo ou defender o cancelamento das redes sociais, mas sim entender o quanto essas duas coisas influenciam o nosso comportamento de consumo. Posso até dizer que esse par é um casamento perfeito. Enquanto a base do capitalismo é o aumento do consumo, as redes sociais são responsáveis por despertar o desejo de consumo em todos nós.
Quem nunca ficou tentado a clicar naquele link da Shein com uma roupa que a influenciadora estava usando? Ou então a usar o suplemento que aquele influenciador sugeriu? Quem não comprou uns 345 cursos durante a pandemia (e só finalizou uma pequena porcentagem deles) porque todo mundo estava vendendo curso, de investimentos a confecção de velas?
O capitalismo é um sistema brutal e agressivo, e ele se molda de acordo com as mudanças da sociedade. A partir do momento que vivemos cada vez mais on-line, o capitalismo se transforma para nos atingir também através das telas dos nossos celulares. O consumo fica cada vez mais facilitado. Com apenas alguns cliques, podemos satisfazer todas as nossas vontades momentâneas que são estimuladas o tempo todo pelos influenciadores. E olha que eu nem vou entrar na questão das bets agora.
Mas a questão que eu quero abordar aqui é outra. Vamos esquecer um pouco os influenciadores e o que está na moda agora. O luxo não precisa estar relacionado a coisas físicas ou a experiencias premium.
Segue o fio.
Se o luxo é feito de ostentação, oras, para ostentar, eu preciso de dinheiro. Pessoas que não nasceram com uma boa condição financeira começam a pensar que precisam trabalhar muito para ganhar muito e, então, começar a ostentar. Mas o principal aqui é que o dinheiro é um bem que pode ser conquistado, perdido, pode trocar de mãos e ser multiplicado. Mas e o tempo?
E se a sua ostentação fosse o seu tempo?
Veja só, não estou dizendo aqui que dinheiro não é bom. Sim, ele é bom, ele é necessário para manter a nossa qualidade de vida. Mas nem sempre o ideal é buscar conquistar o máximo de dinheiro possível.
Quantas vezes você já ouviu alguém falar: “Ah, eu sou jovem, vou trabalhar o máximo que eu posso agora e depois eu vou aproveitar depois que eu me aposentar.” Meu pai fazia mil planos de como aproveitar a vida depois da aposentadoria. Infelizmente, ele não chegou a ter a oportunidade de se aposentar. E tem 15 anos que eu me esforço pra não cometer esse mesmo erro: trabalhar muito e aproveitar depois.
Pra mim, luxo é conseguir fazer os dois: trabalhar o suficiente para ter um estilo de vida confortável e também que me permita aproveitar o meu tempo junto com a minha família, com os meus amigos, viajando e vivendo experiências que são valiosas para mim.
E pra você, o que é luxo?